...pela documentação já descrita, sabemos que José de Azevedo e Sousa, fundador do Morgado de Paço de Sousa, casou-se duas vezes, mas que a relação com os seus filhos foi no mínimo instável e tudo devido a dinheiro?
Do primeiro casamento com Mariana de Jesus, teve somente dois filhos, José de Azevedo de quem nada sabemos, supondo que morreu ainda em criança e, Francisco Maria de Azevedo, que exerceu o cargo de Tesoureiro-mor da Sé do Porto. No testamento, José de Azevedo e Sousa deixa bem claro o dinheiro que este filho lhe devia, assim como se pôde comprovar nos inventários realizados posteriormente.
O segundo casamento foi com Mariana de Jesus Rocha e tiveram 5 filhos: Dona Sebastiana Máxima de Azevedo e Sousa, Dona Maria Clementina de Azevedo e Sousa, Dona Ana Benedita de Azevedo e Sousa, Dona Isabel de Azevedo e Sousa e José Joaquim de Azevedo e Sousa.
A relação de José de Azevedo com os seus filhos não foi semelhante por todos, denotou-se uma clara preferência por Dona Sebastiana, deixando-a com um bom casamento e bens. Esta casou-se com Pedro Leite Pereira de Mello, um fidalgo da corte e com este casamento garantiu o Morgado de Paço de Sousa, pois através do Vinculo que José de Azevedo e Sousa fez, garantiu que depois dele e sua esposa Maria de Jesus, seria a sua filha, com o esposo Fidalgo, a ocupar-lhe o lugar, ficando os outros filhos, que não tinham um casamento nobre, de fora.
Quanto às outras filhas, José de Azevedo já não conseguiu arranjar-lhes esposos Fidalgos, por isso casaram com burgueses tal como era o pai. Dona Maria Clementina casou-se, contra a vontade do pai, com Cristóvão Guerner, que era deputado e autor do livro “Discurso analítico sobre o estabelecimento da Companhia Geral da Agricultura e das Vinhas do Alto Douro”, levando a que o pai a deserda-se. Já Dona Ana Benedita casou-se duas vezes, primeiro com José Teixeira Gavião Pessoa e fez segundo matrimónio com António Teixeira Vasconcelos de Queirós. Esta só poderia ter acesso à herança de seu pai se regulasse as dívidas que tinha do primeiro casamento.
Da sua filha Dona Isabel poucas informações obtêm-se, já que esta faleceu jovem e ainda solteira. Já José Joaquim Azevedo era considerado “demente” pela família e assim referido na documentação. O próprio pai pediu que este fosse interdito no tribunal, pela sua “demência”, para não cuidar dos negócios.
Vai ser no entanto na morte de José de Azevedo que se vai tentar resolver este problema familiar, pela mão de Mariana de Jesus Rocha. Esta aquando da morte de José de Azevedo, e apesar de se encontrar separada dele, quis à hora de sua morte tomar conta dele, sendo impedida pela sua filha, Dona Sebastiana e seu genro Pedro Leite, pois, segundo eles, esta não se encontrava em condições, por estar cega e surda, uma situação que deverá ter sido momentânea, tendo em conta as ações de Dona Mariana. Nesta altura, a família deveria estar completamente dividida e com o intuito de pôr fim a estas quezílias, Dona Mariana de Jesus, abdicou do seu papel enquanto cabeça de casal, assim como da sua terça parte na herança, desde que, a sua filha Dona Maria Clementina fosse inserida nas partilhas, e o seu filho José Joaquim de Azevedo fosse judicialmente representado, devido à sua condição. E foi esta a vontade que foi feita e não a de José de Azevedo e Sousa.
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