sexta-feira, 12 de setembro de 2014

No Arquivo com...(Dra. Vilma Cardoso)

“No Arquivo Com…”

1 março 2014

“Estratégias de ascensão social e perpetuação da memória: O arquivo da Casa das Mouras”

Por Vilma Joana Cardoso





A presente comunicação vem no seguimento do projeto que foi desenvolvido no Mestrado de História e Património, ramo Arquivos Históricos, na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, e cujo trabalho se alicerçou no estudo orgânico, organização e descrição da documentação do arquivo de família denominado Arquivo da Casa das Mouras, o qual se encontra depositado no Arquivo Municipal de Penafiel.
Inserido num concelho onde abundam casas solares, o AMPNF apresentou-se como a primeira escolha de Vilma Cardoso para um estágio inserido no mestrado, onde durante o seu período procedeu ao estudo da história desta família da Casa das Mouras e reconstrução da sua genealogia, organizando o arquivo posteriormente e, através da sua descrição, elaborou o catálogo do seu acervo, indispensável para o acesso aos futuros utilizadores e investigadores.
Situada na Avenida das Cans, em pleno centro da vila de Rio de Moinhos, concelho de Penafiel, a Casa das Mouras, cujo nome advém de uma tradição oral, teve como família original proprietária, os Moura e Castro, que, até 1835, produziram pouca informação dentro do arquivo. Nesse mesmo ano, haveria a casa de testemunhar a união de Dona Efigénia Amália de Moura Torres com Columbano Pinto Ribeiro de Castro Portugal da Silveira, natural do Porto, fidalgo real e morgado de Nossa Senhora da Vela. Com ele veio toda a documentação do morgadio que herdara, incluindo documentação dos seus antepassados paternos, de sua mãe e de seu padrasto. Até ao ano da sua morte, foi o produtor mais importante da Casa das Mouras, tendo ainda ocupado, profissionalmente, vários cargos políticos no concelho de Penafiel.
Numa casa onde não se poderia dizer à primeira vista, a importância da documentação que guardava, Vila Cardoso acabou por se deparar com duas famílias que se uniram, onde as estratégias de ascensão social e memória estiveram sempre presentes. De mercadores e proprietários a fidalgos da casa real, a família de Columbano viria a ser um reflexo da alteração destas estratégias, desempenhando cargos políticos, inserindo-se na “nobreza de toga” do século XIX, mas sem deixar de lado a importância da terra como fonte principal de riqueza e, sobretudo, da perpetuação de memória familiar que Columbano sempre privilegiou.

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