No Arquivo com...
Helena Bernardo, licenciada em História, variante Arqueologia (1997-2002), pós-graduada em Museologia (2002-2003) possui um mestrado em Arqueologia (2009-2012) pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto - Do lugar de Arrifana de Sousa à cidade de Penafiel. Urbanismo e arquitetura (séculos XVI a XVIII) -, com orientação da Professora Doutora Teresa Soeiro. Entre 2005 e 2007, enquanto arqueóloga do Gabinete Técnico Local da Câmara Municipal de Penafiel, realiza o estudo do Centro Histórico da Cidade com vista à elaboração do respetivo Plano de Pormenor. Pertence ao grupo de investigadores do CITCEM - Centro de Investigação Transdisciplinar Cultura, Espaço e Memória e desde 2009 que exerce funções de Técnica Superior – Conservadora no Museu Municipal de Penafiel/ Câmara Municipal de Penafiel.
Na sequência de No Arquivo com…, honrou-nos com a conferência A paisagem urbana da vila de Arrifana de Sousa em meados do século XVIII, que se passa a resumir.
O estatuto de vila atribuído ao lugar de Arrifana de Sousa em 1741, com jurisdição separada da cidade do Porto, de que dependia desde 1384, permitiu à administração local orientar o processo de relançamento do imposto da décima em 1762, motivado pela denominada guerra fantástica que se traduziu na invasão da fronteira portuguesa pelo exército franco-espanhol, taxa que foi aplicada em todo o país. Para a aplicação deste imposto, cujos dividendos serviriam para financiar o exército, foi necessário proceder ao levantamento de todas as propriedades, as quais, no espaço arruado da vila, correspondem a habitações e quintais. As informações foram vertidas no Livro do Arruamento de 1762, hoje depositado no Arquivo Municipal de Penafiel. Arruamentos, edifícios, habitantes e respectivas profissões são alguns dos aspectos da paisagem urbana que podemos entrever através da análise desta fonte. Assim, o burgo de Arrifana de Sousa tinha nessa data 472 casas, 77% das quais com rés-do-chão e primeiro andar e apenas cinco possuíam dois andares, na sua maioria telhadas, embora existissem algumas com cobertura de colmo. Viviam neste espaço 47 ferreiros e 39 padres, mas também 19 sapateiros, 18 vendeiros, 14 jornaleiros, 14 alfaiates e toda a sorte de profissões, num total de 54 distintas, em que se destacam os ofícios mecânicos. Entre as classes nobilitadas encontrámos referências às famílias Soares Barbosa, Garcez, Pereira do Lago e Machado Coelho. Os moradores do burgo possuíam também propriedades na zona rural da vila (Puços, Cavalum, Chelo, Beco, Casal Garcia, Aperrela, Alamela, entre outros) cujas culturas, nomeadamente do centeio, trigo, vinho e azeite, completavam a sua economia doméstica, dados que foram vertidos no Livro do lançamento da décima de 1763.
O debate foi muito animado porque muitos dos presentes conheciam, ou queriam perceber, as memórias do centro histórico. Um contributo excelente para a história do centro histórico de Penafiel, no momento em que decorrem obras de requalificação, o que sobrevalorizou a intervenção da Dr.ª Helena Bernardo.
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