quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Sabia que... (Abade Amaro Moreira)

O Abade Amaro Moreira
Amaro Moreira era filho de Gaspar Moreira Gonçalves e de D. Brites Duarte, da Casa de Sousa, na freguesia de Gandra, atual concelho de Paredes. Presume-se que tenha nascido antes de Novembro de 1570. Seu pai faleceu e...m 2 de fevereiro de 1588 e sua mãe a 2 de outubro de 1590.
Este homem formou-se em cânones pela Universidade de Coimbra, segundo António Sousa, antes de 1591, serviu no desembargo do Paço. Foi ouvidor em Cantanhede, tutor de D. Pedro de Meneses, filho de D. António Menezes. Ordenou-se e foi apresentado na Igreja de Mondim. Vagando depois a igreja de S. Vicente de Ermêlo, no Marão, nela foi apresentado pelo Conde de Cantanhede, seu tutelado e, aí, esteve como pároco, durante vinte e sete anos.
António de Sousa refere que o abade Amaro Moreira foi provedor da Santa Casa da Misericórdia de Penafiel em 1627, citando uma ata de eleição do mesmo, de 2 de julho de 1627, “Livro das eleições e outras coisas”, fl. 24 e 24v.”
Igreja da Misericórdia de Penafiel
Imagem da "FotoAntony"
Convém referir, que não conhecemos atas nem livros de eleições para este período. No ano de 1999, quando o Arquivo da Santa Casa foi transferido para o Arquivo Municipal, estes documentos já não existiam na Santa Casa e, portanto, não foram incorporados. Estranhamente em 16 anos, perderam-se muitos documentos, partindo do facto de António Sousa ter consultado estes documentos em 1982, data da publicação do seu artigo e 1999 data da incorporação do fundo no Arquivo Municipal de Penafiel.
Antes do abade Amaro Moreira ter sido provedor da Misericórdia de Penafiel, em 1 de outubro de 1619, estabeleceu com o provedor e irmãos da mesma um contrato de doação e obrigação. Nesse contrato, a Santa Casa dava a capela do hospital ao abade e este comprometia-se a reconstrui-la, para depois servir de seu panteão, bem como de seus familiares, donos da Quinta de Louredo, concelho de Aguiar de Sousa. Nesta capela seria rezada de uma missa quotidiana, com execução das sextas-feiras, cuja missa seria em “nome de Jesus e as dos sabbados de nossa Senhora”, deixando Amaro Moreira, para o efeito, 20 mil reis de renda anuais.
Igreja da Misericórdia de Penafiel "vista lateral"
Este contrato não foi, contudo, cumprido. Um segundo contrato, tal como o já referido, trasladado no 1º. Tomo do Tombo da Misericórdia da Vila de Arrifana de Sousa, de 30 de agosto de 1750, refere-nos a construção da igreja nas Chãs, em 1625, já estando nessa altura a capela-mor construída nesse local.
Não sendo possível determinar ao certo o que se passou entre 1619 e 1625, torna-se, contudo, exato que Amaro Moreira não chegou a iniciar a reconstrução da igreja do hospital, tendo optado pela construção de uma igreja nova no Largo das Chãs. A igreja do hospital foi, mais tarde dotada por António Vaz Ferreira e sua mulher Ana de Meireles.
Igreja da Misericórdia de Penafiel "foto antiga"
Infelizmente, os originais destes documentos não chegaram até nós, só existindo os traslados dos mesmos nos referidos tombos.
Segundo o dito contrato de 1625, após ter feito a capela-mor da nova igreja da Misericórdia, o abade Amaro Moreira vê-se na obrigação de continuar com a construção do corpo da mesma. Tal investimento no corpo da igreja deveu-se, ao facto, da Santa Casa não ter capacidade económica para uma construção de tal envergadura. Este benemérito vai assumir a seu cargo a construção total da igreja, frontispício e retábulo nos altares.
Amaro Moreira viria a falecer em 1642. Este homem foi sepultado na igreja que ergueu tal como previu e ordenou em seu testamento na sepultura que mandou executar na capela-mor.
Igreja da Misericórdia de Penafiel
Imagem da "FotoAntony"
Este abade teve um papel crucial na vida desta irmandade na 1ª. metade do século XVII e mesmo após a sua morte, pelo menos até meados do século XIX. Os legados para dotar órfãs e vestir pobres, quer em Ermelo, quer em Gandra, quer em Arrifana, ajudaram várias gerações até à centúria de oitocentos fazendo perdurar a memória deste homem. O legado deixado a duas viúvas virtuosas para que rezassem perpetuamente por sua alma, também perdurou até finais do século XIX.

Bibliografia:
Cf. Árvore genealógica dos Moreiras, já disponível on-line em http://geadopac.cm-penafiel.pt/#/SearchAdv (utilizar Microsoft Internet Explore); SOUSA, António Gomes de “Amaro Moreira”, In separata de – O Concelho de Paredes, Boletim Municipal, nº. 5-6. Paredes, 1982-83; FERNANDES, Paula Sofia – Fundação e consolidação da Misericórdia. In, FERNANDES, Paula Sofia; GARCIA, Isabel Margarida Teixeira Dias Bessa; RODRIGUES, José Carlos; TEDIM, José Manuel – Misericórdia de Penafiel: 500 anos. Um baluarte histórico-cultural. Penafiel: Santa Casa da Misericórdia, 2009. p. 15-62.

1 comentário:

  1. Aqui ficam algumas achegas sobre o texto, a saber:

    A casa de Gaspar Moreira Gonçalves e de Beatriz Duarte chama-se Casa da Lousa.

    Beatriz Duarte faleceu no dia 26 e não no dia 2.

    Amaro Moreira formou-se em cânones pela Universidade de Coimbra antes de 4 de Novembro de 1590.

    Cumprimentos, PP.

    ResponderEliminar