Alcoforados
Senhores da Torre dos Alcoforados em Paredes e
Padroeiros do Mosteiro de Bustelo em Penafiel
Segundo a cópia
do livro Tractado genealogico das Familias Ilustres do Reyno de Portugal. Tomo
Sexto. De Manoel de Meyrelles de Souza. Presentemente de Joze Monteiro Guedes
de Vasconcelos Mourão, pertencente ao fundo documental da Casa do Bovieiro, Dom
Gueda o Velho, filho de D. Mem Gomes, é referido no nobiliário do Conde D.
Pedro como tendo tido D. Huer Gueda. Huer Gueda, o Moço, viveu no tempo de D.
Fernando, o Magno, e D. Afonso VI de Castela. Teve dois filhos: D. Pedro Hueriz
e Dona Urraca Hueris, esta última casou com Soeiro Paes. D. Pedro Hueriz
pensa-se que terá vindo para Portugal com o Conde D. Henrique e casou com Dona Teresa
Aires de Ambia e tiveram Mem Aires Pires de Aguiar, que viveu no tempo do Conde
D. Henrique e por morar na Quinta de Aguiar de Sousa tomou o sobrenome de
Aguiar. Casou com Dona Mayor Garcia, filha de Garcia Afonso e de sua mulher
Dona Estefânia e tiveram Pedro Mendes de Aguiar.
Pedro Mendes de Aguiar viveu no tempo de D. Afonso Henriques, sucedeu na quinta
de Aguiar de Sousa e confirmou a doação que o dito rei fez do Mosteiro de Santa
Cruz das igrejas de Leiria, a 4 de abril de 1142. Casou com Dona Estefina
Mendes, filha de D. Mendo de Gundar. Tiveram vários filhos, mas quem sucedeu
nos bens em Aguiar de Sousa foi Martim Pires de Aguiar. Este casou com Dona
Elvira Gonçalves de Sousa, filha de Gonçalo Gomes de Sousa, o Bom, e com ela
herdou o padroado de Bustelo e outras fazendas que pertenciam à Casa dos
Sousas. Sucedeu-lhe seu filho Pedro Martins Alcoforado, o primeiro a tomar o
apelido de Alcoforado, por morar no lugar de Alcoforado, na freguesia de
Lordelo, concelho de Aguiar de Sousa, onde em meados do século XVIII ainda se
conservava a torre antiga e a capela, mas as casas já se encontravam em ruínas.
Este foi padroeiro do Mosteiro de Bustelo, viveu no tempo dos reis D. Sancho I
e D. Afonso II, foi Senhor da Honra de Padrozelo, no concelho de Penafiel de
Sousa e casou com Dona Teresa Soares de Paiva, filha de D. Soeiro Paes de Paiva
e de sua mulher Dona Urraca Mendes de Bragança. Sucedeu-lhe seu filho D. Afonso
Pires Alcoforado, Senhor da Torre e Casa de Alcoforado, que casou com Dona
Aldara Gomes Coelho. Tiveram vários filhos, um deles Lopo Afonso Alcoforado,
foi pajem de lança do rei D. Dinis, quando este era ainda príncipe e também
Martim Afonso Alcoforado. Este último sucedeu na casa de seu pai e casou duas
vezes, a primeira com Dona Maria e a segunda com Dona Maria Pires de Ribeira.
Pedro Martins Alcoforado, filho do segundo matrimónio de Martim Afonso
Alcoforado, Senhor da Casa e Torre dos Alcoforados, em Lordelo, foi alcaide-mor
de Elvas, casou com Dona Mayor Gonçalves da Cunha e veio a falecer em 1365.
Sucedeu-lhe seu filho Gonçalo Pires Alcoforado, que para além de Senhor da
Torre foi, também, alcaide-mor de Campo Maior, em 1357. Casou com Dona Brites
Loureiro de Bubal e tiveram dois filhos, Rui Gonçalves Alcoforado, que esteve
ao lado do rei D. João I na guerra e que pelos serviços prestados obteve a
Quinta de Ferreiros, em Viseu, e o Senhorio da Vila da Bemposta e Penas Roxas,
e Martim Gonçalves Alcoforado que sucedeu o seu pai na Casa e Torre.
Martim Gonçalves Alcoforado, também, serviu D. João I na guerra com Castela
obtendo desta forma as terras de Santa Cruz de Riba Tâmega, e pelos serviços
prestados ao Conde D. Nunes Alvares Pereira obteve o Senhorio de Baltar em
1396.
Fernão Martins Alcoforado, seu filho, sucede-lhe na Torre de Alcoforado, foi
Senhor da Honra de Frazão e através do casamento, Senhor da Quinta da Torre, no
concelho de Porto Carreiro e o padroado de Vila Boa de Quires. Apoiou o Infante
D. Pedro nas lutas deste contra seu sobrinho e genro D. Afonso V, estando a seu
lado na batalha de Alfarrubeira, em 1449, e por este motivo o rei D. Afonso V
tirou-lhe os Senhorios e a maior parte dos bens, tendo falecido em 1453. Seu
filho Gonçalo Vaz Alcoforado e de Dona Maria da Cunha sucedeu na Casa de
Alcoforado e pela sua mãe na Quinta de Louredo, em Abragão, bem como, a Quinta
de Faial, junto a Barcelos, onde residia, tendo falecido em 1501.
Tractado genealogico das Familias Ilustres do Reyno de
Portugal. Tomo Sexto. De Manoel de Meyrelles de Souza. Presentemente de Joze
Monteiro Guedes de Vasconcelos Mourão, pertencente ao fundo documental da Casa
do Bovieiro, Francisco de Sousa Alcoforado, filho do segundo matrimónio de
Gonçalo Vaz Alcoforado, nasceu no ano de 1497. Sucedeu na Quinta e Torre de
Alcoforado, mas juntamente com o seu irmão António de Sousa Alcoforado partiu
para a India e envolveu-se nas guerras em Malaca. Nestas, como capitão de um
navio, alcançou grandes vitórias no ano de 1538. Foi comendador da Ordem de
Cristo e morou na cidade do Porto, onde veio a falecer em 1550 e foi sepultado
na Sé do Porto, numa sepultura com as armas dos Sousas, diante da Capela do
Sacramento. Foi casado com Dona Maria Rangel, filha de Luís Alvares Rangel,
Comendador de Lavra. Esta senhora trouxe em dote a Quinta de Canaveses e a
Comenda de Salvador de Lavra. A Casa e Torre de Alcoforado ficou para o seu
filho António de Sousa Alcoforado e a Quinta de Canaveses para sua filha Dona
Leonor de Sousa. A Casa de Alcoforado foi vinculada por Dona Maria Rangel após
a morte de seu marido, no ano de 1560, tendo a Senhora falecido nove anos
depois e foi sepultada junto ao túmulo de seu marido, na capela do vínculo.
António de Sousa Alcoforado serviu o rei D. João III, em África, tendo por isso
recebido a comenda de São Pedro. Faleceu em 23 de outubro de 1591 e foi
sepultado na capela dos religiosos, em Barcelos. O vínculo de Alcoforado ficou
para Fernão Martins de Sousa, seu filho, que serviu na India alguns anos, de
onde veio aleijado das mãos. Casou com Dona Antónia de Sousa, filha de seu tio
António de Sousa Alcoforado, e veio a morrer em 1610, do ferimento causado por
lhe cair na cabeça o badalo do sino da sua capela.