sexta-feira, 30 de junho de 2017

Capela de Santa Luzia
               A actual capela de Santa Luzia haveria sido a antiga igreja paroquial de S. Martinho de Moazares. Segundo Coriolano de Freitas Beça existia nos livros da confraria do santíssimo Sacramento arquivada uma cópia de um documento de doação do padroado da igreja de S. Martinho de Moazeres, feito por D. Fernando Peres de Barbosa ao mosteiro de Paço de Sousa, datado de 1534. Maria José Santos demonstra-nos, também, que surge em documentos do século XI, a referência a uma igreja de S. Martinho, no lugar de Santa Luzia.
A capela de Santa Luzia teria servido de sede da freguesia até meados do século XVI.

                    Cf. Beça, Coriolano de Freitas – “Penafiel ontem e hoje: recordações e impressões.” Colleção de artigos publicados n’O Penafidelense compilada e acrescentada com notas. Penafiel: Tipografia de O Penafidelense, 1896, p. 129; Santos, Maria José Ferreira dos – A Terra de Penafiel na Idade Média. Estratégias de ocupação do território (875-1308). “Cadernos do Museu”. Penafiel: Museu Municipal, n.º 10, 2005, p. 45, 91.


Amigos do Arquivo de Penafiel 
Casa de Mesão Frio 
Valpedre
        A Casa de Mesão frio é composta por diferentes corpos e alas, o que demonstra sucessivas construções e reconstruções ao longo dos séculos. Segundo José Buiza Badás, a 1.ª obra remonta ao séc. XVI, na ala sul que já sofreu em desmoronamento e posterior reconstrução. Na parte lateral norte temos a capela datada de 1780 e outras dependências como o lagar, estábulos e a antiga cozinha. Já a fonte surge com a data de 2 de Março de 1882, também do final do séc. XIX, surge o engenho do linho.
A capela da casa de evocação de São José, é barroca, tendo a construção da mesma sido iniciada em 1780 e sido concluída no ano seguinte. Manuel Coelho, solteiro, da Casa de Mesão Frio, que aí morava com seu irmão António Coelho, viúvo de Tadeia de Sousa Ferreira, constituiu o património da capela por escritura de 6 de Março de 1780. Manoel Coelho de Sousa, pároco de S. Tomé de Canas foi ordenado em 3 de Maio de 1773, foi presbítero no Porto em 13 de Outubro de 1776.
Nos vários documentos e bibliografia consultada verificamos que uns colocam a capela e Casa de Mesão Frio como pertença da Freguesia de Valpedre outros como pertença da antiga freguesia de S. Pedro da Boavista, contudo no arquivo de família, encontramos uma provisão de D. António Barbosa Leão, Bispo do Porto, datado de 30 de Março de 1923, que refere: “tendo-se suscitado dúvidas se pertenciam à jurisdição do Pároco de Galegos ou de Valpedre a casa m que reside Manuel da Silva, caseiro do Sr. Agostinho Barbosa, da Casa de Mesão Frio, da freguesia de Galegos e a capela à mesma casa pertencente mandamos proceder às necessárias averiguações para resolvermos o caso…declaramos que a casa e capela pertencem à jurisdição do Pároco de Galegos. Como, forem próximo de capela há bastantes casas habitadas por paroquianos de Valpedre, ao Pároco desta freguesia fica o direito de poder celebrar missa na capela e dela levar o senhor aos enfermos do lugar.”
O arquivo da Casa é composto por vários documentos de propriedades dispersas que não tendo ligação entre si, pelo menos visível vieram ter à família através de dotes e casamentos impossíveis de comprovar por documentos, uma vez que o Arquivo que chegou até nós está terrivelmente fragmentado.
A Casa e a sua ocupação é de facto muito antiga, remontando ao séc. XVI, o que comprovamos pela genealogia. Verificamos que os documentos mais antigos não são da Casa de Mesão Frio, pois estes provêm de casas que, possivelmente, estarão ligadas através de casamentos com pessoas da Casa.
          Retirado do programa GEAD, link:
          http//geadopac.cm-penafiel.pt




sábado, 24 de junho de 2017

Amigos do Arquivo de Penafiel
O Arquivo da Casa das Mouras:
Columbano Pinto Ribeiro de Castro Portugal da Silveira
     
            Columbano Pinto Ribeiro de Castro Portugal da Silveira, nasceu a 26 de novembro de 1804 na freguesia de Santo Ildefonso, cidade do Porto.
Columbano era filho do Desembargador Columbano Pinto Ribeiro de Castro (conhecido por ter elaborado o Mapa da Província de Trás-os-Montes), e D. Genoveva Rita Portugal da Silveira. Orfão de pai desde o nascimento e na qualidade de herdeiro universal e único filho, Columbano herdou todos os bens paternos, incluindo o título de Fidalgo Real, alcançado por seu avô Manuel Pinto Ribeiro de Castro em 1741, e a administração do Morgado de Nossa Senhora da Vela, instituído em 1673 por seu tetravô Belchior Ribeiro.
 
             Cf. CARDOSO, Vilma. O arquivo da Casa das Mouras. Notícias de Penafiel, Penafiel, 10 de junho. 2016. Edição n.º8. p.13.
 
Árvore Genealógica dos Silva Fonseca d’Alcobaça e dos Meireles Guedes da Aveleda

      - Este documento pertence ao fundo documental da Quinta da Aveleda. Documento, provavelmente, do início do século XIX.
Não possui data nem se encontra assinado.

         Imagem pertencente ao espólio do Morgado da Aveleda, cota PT/SACQA/MA/C /M/A/fl.01.

 
Amigos do Arquivo de Penafiel
Entrada de doentes no hospital da Santa Casa
entre
1781-1801
          A média corresponde a uma entrada de cerca de 12 enfermos por ano, mas, na realidade, anos houve onde só entraram entre dois a quatro enfermos. Tal deve-se ao facto de os doentes serem, preferencialmente, tratados no seu domicílio.
No que respeita às flutuações de entradas ao longo dos meses destes anos, verificou-se que, raramente davam entrada no hospital doentes no mês de janeiro, fevereiro e dezembro. Ou seja, nesta localidade, os meses de mais frio não implicavam mais hospitalizações. Era entre os meses de julho e outubro que se concentrava o maior número de entradas no hospital, o que correspondia aos meses de estio e ao período que antecedia as colheitas.
O mês de agosto era, sem sombra de dúvida, aquele que levava mais indivíduos a darem entrada no hospital, numa prevalência igual para os dois sexos.
Esta situação enquadra-se no observado por vários investigadores para outros hospitais nacionais, neste período, e os motivos residem no calor, águas estagnadas, falta de higiene, dificuldades de preservação dos alimentos que levavam ao grassar das febres, e variadas epidemias. A isto somava-se o período de pré-colheitas, essencialmente, entre maio e agosto, em que a falta de alimentos, a alta de preços, originava subnutrição, fome e debilidades.
 
          Cf. FERNANDES, Paula Sofia Costa – O hospital e a botica da Misericórdia de Penafiel (1600-1850). Penafiel: Santa Casa da Misericórdia de Penafiel, 2016, p 108-109.
 

segunda-feira, 19 de junho de 2017

        Sabia que…..
Terramoto de 1 de novembro de 1755

            O célebre terramoto de 1 de novembro de 1755 apesar de ter sido sentido de forma discreta na região do vale do Sousa, também, fez alguns estragos, apesar de ténues. Segundo as memórias paroquiais de 1758 de Arrifana de Sousa e de Castelões de Cepeda, este provocou estragos na casa do despacho da misericórdia de Penafiel que levou a que a parede da parte norte da mesma casa racha-se abrindo-se em duas partes. No caso de Castelões de Cepeda, os estragos fizeram-se sentir na igreja matriz da mesma, arruinando-se parte da parede de um dos lados da capela-mor. Contudo, estes estragos foram logo resolvidos e em 1758 aquando do inquérito os dois edifícios já estavam devidamente concertados. 

             Cf. PT/TT/MPRQ/9/206 – “ Memórias paroquiais de 1758, vol. 9, n.º 206, p. 1325-1334; Penafiel, Boletim Municipal de Cultura, separata, 3.ª série, n.º 4/5, 1987/88.
 
Quinta do Beco

                  O lugar do Beco em Rans situa-se na colina de um monte que ladeia a aldeia de Rans, à mesma cota da Igreja de São Miguel.
A Quinta de Beco era pertença de Pedro Anes de Husso e seus filhos Afonso e Pedro Leão. Todos eles ocuparam cargos de tabeliães, escrivães ou juízes de Penafiel ou de Aguiar de Sousa.
Pedro Leão terá nascido na segunda metade do século XV em Penafiel ou na Quinta do Beco e veio a falecer após 1505 na Casa da Lágea, em S. Martinho de Parada de Todeia. Foi Juiz das sisas do julgado de Aguiar de Sousa. Casou em primeiras núpcias com Inês Beça na Igreja de S. Miguel de Rans. Desta Senhora teve João Beça, Inês de Leão de Beça, ambos nascidos na Quinta do Beco, em Rans.
João de Beça foi tabelião do julgado de Aguiar de Sousa, em 1499, nomeado mais tarde escrivão dos órfãos do Julgado de Aguiar de Sousa. Viveu, também, na Casa da Lágea, em Parada de Todeia. Sua irmã Inês de Leão Beça foi Senhora da Quinta de Beco, em Penafiel. Casou com Marcos Barbosa escrivão das sisas e dos órfãos de Aguiar de Sousa e tabelião de Penafiel. Tiveram três filhos: Aleixo Barbosa de Beça, também tabelião de Penafiel; Maria de Leão de Beça que casou com Francisco da Silveira, Senhor da Honra de Caíz, filho de António da Silveira e de Lucrécia Brandão e Miguel de Leão Barbosa que casou com Catarina de Sousa. Depois de viúvo foi arcediago de Vermoim, na Sé de Braga.
A Quinta do Beco em Rans permaneceu na posse de Violante Leão da Fonseca.
Existiu uma outra quinta do Beco a par com uma quinta de Chelo em S. Martinho de Arrifana de Sousa, que depois foram vendidas à Quinta da Aveleda.
Miguel de Leão Barbosa instituiu em 1612 a Capela de Nossa Senhora do Rosário do Monte, em Guilhufe.
A Quinta do Beco em Rans, segundo o autor, ainda existia em 2011, apesar de arruinada e estava na posse dos herdeiros de D. António Ferreira Gomes.


          Cf. LEÃO, Francisco Delfim Guimarães da Cunha – “Genealogia da Família Leão de Parada de Todeia e Sobreira”. Óbidos: Ed. de autor, 2012. P. 27-32.


 
Breve Cronologia de D. Egas Moniz
em Paço de Sousa
           [1080] – Nascimento de D. Egas Moniz. A velha moradia senhorial de D. Truitesindo Galindiz, em Paço de Sousa, pode ter sido o lugar onde nasceu. A tradição local diz ter nascido nesse paço. D. Egas Moniz teve, possivelmente, domicílio em Paço de Sousa.
«Egas Moniz benfeitor foi do mosteiro, e memória há de obras que a ele se atribuem, como foram aposentos seus que tiveram nome de Paço, um dormitório grande para os religiosos, com uma torre forte e formosa que eu ainda alcancei servindo de hospedaria», deixou dito o cronista beneditino Frei Leão de S. Tomás. E acrescenta: «Um terreiro há defronte da porta principal da igreja, um carvalho grande a antigo, e junto dele uma fonte, que tudo chamam terreiro, fonte e carvalho de Gamuz, corrompendo, e abreviando deste modo o nome Egas Moniz.»
O nome de D. Egas Moniz liga-se à torre de Egas Moniz, ao carvalho, ao terreiro, ao ribeiro, à ponte, à presa e à fonte de Gamuz.

1116, 11 de setembro – O Bispo do Porto D. Hugo cedeu o jantar anual (parada), em atenção aos irmãos Egas Moniz, Mendo Moniz e Ermígio Moniz, e às suas mulheres, Doroteia Pais, Goina Mendes e Teresa Soares, herdeiros do mosteiro de Paço de Sousa. Confirmam o Arcebispo de Braga D. Paio, três Arcediagos (Gonçalo Ermiges, Pedro Garcia e Mónio Garcia) e o monge Helias, da Sé Catedral do Porto.
1123, 27 de novembro – D. Egas Moniz e sua mulher D. Doroteia Pais doam ao mosteiro dez casais em S. Tomé de Canas, nas faldas do monte Cabreira, e um casal «in uilla Palatioli».
1130 – D. Egas Moniz doa ao mosteiro de Paço de Sousa o paço em que vive, ampliando-o por essa ocasião.
1137 – Mendo Viegas é sepultado na Igreja do Corporal. D. Egas Moniz, por alma deste seu filho, faz uma doação ao mosteiro de Paço de Sousa, «feita à face de todo o povo, que acompanhou com ele o cadáver». «Ego don Egas Moniz presente populo qui mecum uenit ad monasterium de Palaciolo sepelire filium meum Menendus Uenegas, facio testamentum ad altare de Sancto Saluator de Palaciolo pro anima sua». Bens doados: seis casais em Vila Nova, junto à igreja de Tuías; um no Outeiro, perto de S. Pedro de Canaveses; outro no Arrabalde, situado entre o rio Odres e Palatiolo, por baixo do monte Loba Mourisca.
O Aio possuía torre paçã e haveres, à volta do mosteiro de Paço de Sousa, como descendente dos fundadores e herdeiro.
1146 – Passamento de D. Egas Moniz, o Aio, conforme inscrição no seu cenotáfio. É sepultado na igreja do Corporal, segundo as regras litúrgicas para as pessoas da sua categoria: os pés a nascente e a cabeça a poente. Na tampa do sarcófago foi gravada uma legenda. A sepultura era «de pedra fina, bem lavrada».

          Cf. MENDES, Manuel – Sumário de Datas de Paço de Sousa. Paço de Sousa: Colecções e Edições Gamuz, 1998, p.53-54.

           Imagem retirada do livro “Estatuária Penafidelense”, p.37.

 
Amigos do Arquivo de Penafiel
O Hospício dos Expostos de Penafiel
            Atualmente, não existem dados concretos que nos possibilitem dizer com clareza onde estaria a Casa da Roda / Hospício de Penafiel, no entanto, esta instituição pode ter funcionado em vários lugares da cidade, em períodos diferentes da história e, embora com reservas, podemos crer que, entre o período de 1872 e 1895, este Hospício possa ter funcionado na Rua do Carmo, próxima a um local estratégico para a vida urbana, junto da Rua Direita e da Igreja Matriz.
De 1872 a 1902, o Hospício dos Expostos de Penafiel, recebeu um total de 603 crianças. Em alguns casos, estas admissões contaram com mais de uma criança, fossem casos de gémeos de progenitura desconhecida, outros de irmãos já com idades distintas, que eram entregues por um condutor, familiar ou até o próprio progenitor. Ainda que a expressão entre géneros esteja apenas separada por três pontos percentuais, notou-se uma pequena predominância do abandono de meninas, vistas como “economicamente menos valorizadas” que os rapazes.
Gozando da calada da noite e abandonadas à porta do hospício, em locais da cidade de Penafiel ou em outras freguesias, à porta de particulares, muitas vezes as únicas informações que lhe poderiam ajudar no futuro era o nome do condutor que a entregou ao hospício ou mais intimamente, os sinais que traziam consigo. Sem um fio de ligação evidente à família de origem, as crianças expostas, reuniam muitas vezes, objetos ou condições que lhes permitiriam mais tarde, ser reconhecidas e recuperadas.
 
             Cf. CARDOSO, Vilma. Os órfãos e os expostos de Penafiel (1872-1902). Notícias de Penafiel, Penafiel, 24 de junho. 2016. Edição n.º10. p.9.

 
João Pereira
irmão de Belchior Pereira de Andrade
            
              João Pereira seria irmão de Belchior Pereira de Andrade, almirante da armada real, senhor da Casa de Penedono, comendador de Roriz, cavaleiro da Ordem de Cristo. Ambos filhos do Dr. Luís Pereira Frojaz, desembargador e conselheiro da Real Fazenda, Provedor das Capelas, Juiz das Justificações do Paço, Cavaleiro da Ordem de Cristo e de Dona Ana Botelho, senhora do morgado de Penedono. Belchior Pereira de Andrade teve um irmão de nome João Pereira que casou com Dona Maria Henriques, mas não tiveram geração. O documento que possuímos foi elaborado em 1638, por um homem solteiro de nome, João Pereira que fez doação aos filhos de Dona Leonor Coutinho, o que nos leva a crer que teria sido o seu cunhado, apesar do documento ser omisso na relação de parentesco com a referida senhora, para tomarem ordens sacras.
Dona Leonor Coutinho, na altura em que o documento foi realizado encontrava-se já viúva de Belchior Pereira de Andrade e a residir em Penedono, sendo o documento elaborado em sua casa e estando, de momento João Pereira, também, a residir em Penedono.
Dona Leonor Coutinho teria nascido na segunda metade do século XVI. Era filha de Manuel Pinto da Fonseca, que teria nascido por volta de 1530 e de Dona Valentina de Faria, nascido cerca de 1550. Neta pelo lado paterno de Aires Pinto da Fonseca, 4.º senhor do morgado de Balsemão e de Dona Brites de Macedo e bisneta de Luís Pinto da Fonseca, 3.º morgado de Balsemão e de Dona Brites Cardoso de Carvalho, segundo o “Archivo Heraldico-genealógico… de 1872). Dona Leonor Coutinho teria casado na vila das Cortiças, província de Trás-os-Montes com Belchior Pereira de Andrade, senhor do prazo, lugar e padroado de Vale Verdinho.
Dona Leonor Coutinho e Belchior Pereira de Andrade tiveram, pelo menos 5 filhos: Lourenço Freire Pereira Coutinho, que teria nascido por volata de 1575; Ana Pereira Coutinho, Luís Pereira Coutinho, capitão-mor de Penedono e alcaide-mor de Ranhados; José Pereira Coutinho e Belchior Pereira Coutinho, cavaleiro de Malta, Balio de Leça e gentil-Homem da Câmara do Rei.


              (Informação retirada dos documentos do sub sistema da Casa do Poço, pertencente ao espólio documental da Família Leite Pereira de Magalhães Alpendurada)

 
Amigos do Arquivo de Penafiel
      Sabia que…
          O século XVII, na Santa Casa da Misericórdia de Penafiel, vai ser o período de engrandecimento da mesma. Inúmeros legados vão dotando a Santa Casa instituindo capelas e missas, dotando órfãs, pagando a viúvas, vestindo pobres, sendo mais relevante o Legado do Reverendo Abade Amaro Moreira que constrói a nova Igreja da Misericórdia. Mas, se o séc. XVII foi o seu século de ouro, o século XVIII vai trazer grandes problemas à Misericórdia: disputas várias entre irmãos; desvios de dinheiro; falta de pagamento de dinheiro a juros, levam o poder central, nomeadamente a Rainha D. Maria I, a mandar o Corregedor e Provedor da Comarca de Penafiel tomar contas à Santa Casa e para evitar mais desvios de dinheiro volta-se a alterar alguns capítulos do Compromisso.

            Cf.: ARQUIVO MUNICIPAL DE PENAFIEL – Santa Casa da Misericórdia de Penafiel – Inventário do Acervo Documental. Penafiel: Câmara Municipal de Penafiel, 2009, p. 24. Disponível online em: http://www.cm-penafiel.pt/…/inventarios-e-documentacao-publ…

 
"Quinta de “Mains”
em
Castelões de Recezinhos
               Gaspar Moreira casado com Francisca São Paio Coelho da Mota, a 02/05/1672, moravam na Quinta de “Mains” e tiveram seis filhos todos nascidos na dita quinta:
Inocêncio Coelho da Mota, Sebastiana Coelho da Mota, Manuel Coelho de Mota, Maria, Luisa e Brígida.
Inocêncio Coelho da Mota nascido na dita quinta, a 29/01/1673, foi capitão, casou a 01/10/1696, na igreja do Salvador de Castelões de Recezinhos, com Jacinta da Fonseca Ferraz, filha do abade de Castelões, Matias de Fonseca de Faria e de Maria Ferraz Moreira. O seu herdeiro foi Manuel Coelho da Mota, nascido na quinta em 12/11/1715.

               Cf. LEÃO, Francisco Delfim Guimarães da Cunha – “Genealogia da Família Leão de Parada de Todeia e Sobreira”. Óbidos: Ed. de autor, 2012. P.131-133.

 
Casa da Venda, em Fonte Arcada
           A Casa da Fonte Arcada ou Casa da Venda foi iniciada por Joaquim da Cunha Leão, quinto filho de Manuel da Cunha Leão e Felícia Rita Pinto de Queiroz, da Casa da Sobreira, com o seu casamento, em 1890, com Ana Duarte da Silva.
Na fachada da casa possui duas inscrições “J.C.L.” e “1898”.
Joaquim da Cunha Leão nasceu na Sobreira em 15/04/1838 e faleceu em Fonte Arcada em 22/07/1908.
Após 1878 foi morar com o seu irmão o padre José da Cunha Leão que lhe deixou em testamento as terras de Curros na Sobreira.
A esposa era filha de Manuel Duarte e Maria da Silva de Anho Bom, em Fonte Arcada. Esta senhora viria a falecer na Casa da Venda em 24/11/1947.
Na década de 30 do século XX vivia na Casa da Venda D. Elisa Fernanda Barbosa Leão, descendente destes senhores.


                     Cf. LEÃO, Francisco Delfim Guimarães da Cunha – “Genealogia da Família Leão de Parada de Todeia e Sobreira”. Óbidos: Ed. de autor, 2012. P.193-200.


 
Amigos do Arquivo de Penafiel 
O arquiteto José Marques da Silva e a Assembleia Penafidelense

              José Marques da Silva nasceu no Porto, em 1869 e concluiu os estudos na Academia Portuense de Belas-Artes. Mais tarde, obteve o título de arquiteto diplomado pelo Governo Francês. Foi um arquiteto de transição entre os séculos XIX e XX e entre dois movimentos de arquitectura, a clássica e a moderna.
O Grémio Recreativo Penafidelense expressa bem esta transição. Um edifício simples de traça diferente de todos os outros da cidade, com o corpo central apresentando um desenho ainda numa faze de mudança. A leveza dos suportes em madeira da cobertura associa-se ao recorte elementar dos grandes vãos das salas. No seu interior destacamos, principalmente, o salão de jogos e a sala de baile, com grandes espelhos pintados, existindo, ainda, uma biblioteca.
Em 1909 a direção do Grémio Recreativo Penafidelense analisa a planta de um novo edifício, trabalho que foi elaborado, gratuitamente, por Marques da Silva a pedido de Gaspar Baltar.
A sua localização seria nos terrenos a nascente do quartel, na sua Formosa, onde completa uma transição urbana.


            GRAVETO, Pedro José Garcia do Nascimento – A Matriz até à Misericórdia. Coimbra: Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, 2000. Tese de Licenciatura policopiada, p.79.

 

sexta-feira, 16 de junho de 2017

Amigos do Arquivo de Penafiel
 Brites de Mesquita
bisneta do senhor do Couto de Vilar de Maçada
  
               Dona Brites de Mesquita era filha de Luís de Mesquita e de Dona Maria Lourença. Neta paterna de Martim Gonçalves Pimentel que teria vivido por volta de 1400 e de Dona Inês Esteves de Mesquita. Sua avó paterna, Inês Esteves de Mesquita era filha de Estevão Pires de Mesquita e de Dona Alda Nunes Meireles. Estevão Pires de Mesquita era senhor do couto e torre de Vilar de Maçada, em Alijó.
Dona Inês Esteves de Mesquita teria nascido por volta de 1421 e falecido cerca de 1471, tendo herdado vários bens de seus pais, uma vez que seu irmão não teve geração. Casou cerca de 1436 com Martim Gonçalves Pimentel, criado do duque de Bragança. Martim Gonçalves Pimentel, seu marido, segundo uns autores era filho do 1. Conde de Benavente, D. João Afonso Pimentel, Senhor de Bragança e Vinhais em Portugal e em Castela senhor de Benavente e Maiorca, casado com Dona Joana Teles de Meneses, meia-irmã da rainha Dona Leonor. Outros autores colocam Martim Gonçalves Pimentel como filho natural do comendador da Ordem de Avis, Álvaro Gonçalves Pimentel. Manuel Abranches de Soveral aponta a hipótese de ser neto de Álvaro Gonçalves Pimentel, filho de uma filha deste, de nome Dona Beatriz Gonçalves Pimentel, embora também estude outras hipóteses.
Estevão Pires de Mesquita viveu em Vila Flor no século XV.
Martim Gonçalves Pimentel foi escudeiro, escrivão das sisas de Vila Flor desde 1454 e veio a falecer no ano de 1481. Seu filho Luís Martins de Mesquita, pai de Dona Brites de Mesquita foi nomeado para o cargo de escrivão das sisas de Vila Flor de 1479 a 1481. Luís Martins de Mesquita teria nascido, por volta, de 1437 em Vila Flor. Tirou ordens menores com seu irmão Álvaro em Setembro de 1452. Em 1468 Dom Afonso V perdoou-lhe a tomada da nau de Santa Clara do Porto, na cidade de Ceuta que pertencia a Martinho Afonso, mestre da dita nau, contanto que entrega-se a nau e as suas mercadorias. Casou com Dona Maria Lourença, filha de Álvaro Pires, escudeiro da Condessa de Faro. Luís Martins de Mesquita era irmão de Brites de Mesquita Pimentel, criada da Duquesa de Bragança, Dona Constança de Noronha. Brites de Mesquita Pimentel casou com Fernão de Magalhães, o Velho. Outra das irmãs era Alda de Mesquita que casou com Rodrigo de Magalhães, alcaide-mor de Aveiro e que segundo alguns autores foram os pais de Fernão de Magalhães, o navegador.
Dona Beatriz de Mesquita teria nascido por volta de 1460. Segundo Felgueiras Gaio casou em 1.ªs núpcias com o contador do Porto João Brandão e tiveram uma filha de nome Isabel Brandão, nascida cerca de 1485. Isabel Brandão casou com João Sanches, muito mais velho do que ela, juiz do Porto em 1486, 1493, 1498, 1505 e 1510, e vereador da mesma cidade em 1481 e 1485. João Brandão esteve na Batalha de Alfarrobeira, foi escudeiro da Casa Real e apoiou Dom Afonso V. Foi tesoureiro e recebedor da moeda em 1464 e depois contador do Porto em 1472. Foi casado em 1.ªs núpcias com Dona Brites Pereira, da qual teve, entre outros filhos, Diogo Brandão, cortesão e poeta. Faleceu, já velho, no Porto em 1501, tendo sido sepultado na igreja de São Francisco. Tiveram vários filhos.
Casou em 2.ªs núpcias com Fernão Taveira, filho de Gonçalo Taveira e de Filipa de Macedo e deste casamento teve uma filha Brites Taveira de Mesquita que casou com Rui Pires Cão, filho de Álvaro Cão e de Briolanja Nóbrega.
Dona Brites de Mesquita fez testamento em 8 de Setembro de 1528 e teria falecido pouco tempo depois, pois já possuímos certidão de missas de novembro desse ano. Sua filha Dona Brites Taveira de Mesquita ficou como sua herdeira e testamenteira.
 
              (Informação retirada dos documentos do sub sistema da Casa do Poço, pertencente ao espólio documental da Família Leite Pereira de Magalhães Alpendurada)
 
 
Amigos do Arquivo de Penafiel
O legado imposto na Misericórdia de Penafiel do padre Carlos Soares da Silva, da Quinta de Urrô
 
       Em 1754, o padre Carlos Soares da Silva, natural da Quinta de Urrô, mas emigrado na América, legou 1 conto e 40º mil réis à Misericórdia de Penafiel, para serem colocados a render juros e desse rendimento se conceder, anualmente, 23 mil réis para os pobres da paróquia de Urrô, mais 4 mil réis para património da capela que se estabeleceria na sua Quinta de Urrô e 43 mil réis anuais para administração do dito legado.
Dezasseis anos volvidos, o dito padre, em junho de 1770, fez uma rectificação ao contrato, declarando que os rendimentos do montante legado passariam a ser aplicados em missas, nos domingos e dias santos pelas almas do purgatório e para reparos e ornamentação da capela instituída na sua quinta, sendo agora excluídas as esmolas aos pobres, pois, como o próprio referiu “seria esta a vontade de Deus”.
As almas ganharam aos pobres.
 
             Cf. Cf. Fernandes, Sofia – “Aliciar as almas e os corpos através da transmissão de bens para a Misericórdia de Penafiel: legados pios, contratos entre vivos e doações”, in Araújo, maria Marta Lobo de – A intemporalidade da Misericórdia – As Santas Casas portuguesas: espaços e tempos. Braga: Santa Casa da Misericórdia de Braga, 2016. p.19-20.

            Imagem pertencente ao espólio da Santa Casa da Misericórdia de Penafiel, cota PT/AMPNF/SCMPNF/C/D/001,Lv.01, fl.201.

 
A broa e os moinhos em Penafiel
               Com poucas posses e oferta alimentar pouco variada, o milho maíz foi uma dádiva nutritiva para populações que viviam e vivem em terrenos com pouca altitude e com muita rega, condição fundamental para a prosperidade do milho maíz.
Na nossa freguesia da Capela temos a chamada Rota dos Moinhos. Este conjunto de moinhos está integrado no parque natural pertencente à Freguesia de Capela - Penafiel e denominado de Museu da Broa. São um conjunto de 5 moinhos de água restaurados e prontos a funcionar. Composto por seis moinhos recuperados e funcionais. As mós trabalhavam noite e dia sem parar, produzindo a farinha que dava o sustento aos nossos antepassados: a broa. Aqui podemos observar o ciclo tradicional da Broa em dez quadros, distribuídos pelos moinhos. Neles estão representadas as etapas que trazem a broa à nossa mesa: o trabalho árduo no campo, a alegria na eira, o movimento da moagem, a recompensa pelo esforço de preparação da fornada de broa.

           Cf. GOMES, Cecília. A broa e os moinhos em Penafiel. Notícias de Penafiel, Penafiel, 8 de julho. 2016. Edição n.º11. p.7.

 Fotografias: Helena Sousa



 

quinta-feira, 1 de junho de 2017

Subsistema António José Leal
                 António José Leal, cunhado do Barão do Calvário, benemérito da Santa Casa da Misericórdia de Penafiel, durante a sua vida foi doando e ajudando a Misericórdia sobretudo no que diz respeito ao novo hospital, tendo mesmo em 7 de Janeiro de 1876 inaugurado duas enfermarias de entravados ou inválidos do trabalho.
No seu testamento também não se esqueceu da mesma, que para além de voltar a dotar as ditas enfermarias, deixa e lega “… a minhas duas irmãs Dona Joana Rosa Leal e Ana da Conceição Leal, solteiras, maiores, comigo moradoras, conjuntamente para ambos e até à última que falecer, o uso fruto vitalício da minha propriedade dos Capuchos, para que tudo gozem na qualidade de usufrutuárias e deixo a propriedade da mesma casa e cerca denominada dos Capuchos, nesta cidade de Penafiel à Santa Casa com a expressa condição de o edifício ser destinado, logo em seguida à morte da última usufrutuária para a fundação de um asilo ou casa de educação de raparigas pobres e desvalidas, mas honestas, sendo essa educação exclusivamente destinada a formar boas criadas de servir de modo que só se lhes ensinarão ali, além da doutrina christã, as primeiras letras, aquelas prendas e habilitações de cozinha e costura que são próprias do estado e mister dito de creadas e nada mais que seja de luxo e ostentação e as possa fazer desviar depois da referida aplicação e com mais a expressa condição de que a direcção e governo do referido instituto será entregue logo depois da sua fundação à Irmãs Portuguesas Hospitaleiras dos Pobres cuja congregação se acha estabelecida em Lisboa no Convento das Trinas, e estas Irmãs Hospitaleiras serão as administradoras exclusivas do dito asilo ou Casa de Educação não podendo ser substituídas por outra qualquer outra administração e para custeio e sustento do mesmo asilo e suas directoras e mestras lhes entregará igualmente a mesa da Santa Casa o usufruto da Cerca anexa à casa e de suas dependências e pertenças, bem como o rendimento de 5 contos de reis em Inscripções que lego à Santa Casa…. Declaro mais que o número das raparigas a administrar, a sua admissão, o número e qualidade de Irmãs Hospitaleiras que hão de residir no asilo, a admissão também de pensionistas por paga, o regulamento do ensino e em suma também a administração interna do asilo e dos seus rendimentos pessoal … ficará tudo exclusivamente a cargo e sobre a responsabilidade das irmãs hospitaleiras, tendo apenas estas, ou a que for superiora, de dar no fim de cada ano à Santa Casa um relatório do estado da Instituição e nada mais.”
Convém referir que as irmãs hospitaleiras já estavam a residir no hospital desde 1876, num total de 5, entre as quais há uma superiora. No entanto, não foi possível detectar quando começou a funcionar, mas em 6 de Abril de 1932 o Asilo de Raparigas Pobres “António José Leal” já existia como comprova a ata que descreve um requerimento a solicitar a entrada de uma menor, o que demonstra que a admissão de menores não ficaria só sobre a responsabilidade das irmãs hospitaleiras, mas ia também a reunião de Mesa.
Em 1935, na ata de 22 de Julho a mesa é autorizada, por despacho ministerial, a proceder a obras no asilo das Raparigas a par de outros, em 1939, na ata de 2 de Dezembro de 1939 volta-se a referir a necessidade de proceder a obras no edifício do asilo das raparigas pobres por “ameaçar ruína”. Nas atas da Mesa nada nos indica que a administração do asilo fosse, por parte das hospitaleiras, tão autónoma quanto o testador queria, uma vez que na destruição dos pelouros de 1842 verificamos que o Provedor era responsável pelo Hospital, Asilos e Secretaria. Alguns anos mais tarde, a 5 de Julho de 1953, a ata da mesa dá-nos conta das dificuldades que o Internato sofria, devido ao facto das comparticipações do estado terem diminuído, por isso, meio ano depois, a mesa delibera que a entrada de meninas deverá ser validada pela Comissão Administrativa, pois este não tinha grandes rendimentos para as sustentar. No entanto, as meninas continuaram a entrar para o Asilo de pobres em 1955, 1956 e 1957, sendo muitas destas crianças de tenra idade. No compromisso da irmandade de 1956, nas competências da mesma, refere manter o Asilo “António José Leal” para raparigas pobres e desvalidas. A data em que o mesmo foi extinto não foi possível apurar.
 
            Cf.: ARQUIVO MUNICIPAL DE PENAFIEL – Santa Casa da Misericórdia de Penafiel – Inventário do Acervo Documental. Penafiel: Câmara Municipal de Penafiel, 2009, p.133-135.

            Disponível online em: http://www.cm-penafiel.pt/…/inventarios-e-documentacao-publ….
 
 
Amigos do Arquivo de Penafiel
Maria Leonor Teresa da Câmara
1ª. Condessa de Pangim

            Filha de Dom Manuel Maria Gonçalves Zarco da Câmara e de Dona Maria Teresa José de Jesus de Mello. Nasceu a 1 de novembro de 1815 e foi baptizada a 4 de novembro, no oratório da casa de residência de seu avô, o Marquês de Sabugosa, José António de Mello da Silva César de Menezes, na Rua direita do Calvário, n.º 31, em Alcântara, sendo padrinho o Marquês de Penalva, Fernando Teles da Silva, gentil-homem da Câmara da rainha D. Maria I e D. João VI.

            Cf. ARQUIVO MUNICIPAL DE PENAFIEL – Inventário do acervo documental do Morgado da Aveleda. Penafiel: Câmara Municipal de Penafiel, 2011, p.948.

             Imagens:
Palácio de Sabugosa, retirada do blog http://restosdecoleccao.blogspot.pt/.
Brasão dos Marqueses de Penalva, retirado do site https://www.geni.com.



 
Amigos do Arquivo de Penafiel
Casa de Poços e Casa da Cova
 em
São Tiago de Fonte Arcada
 
            A Casa de Poços situava-se no lugar de Poços, em fundo de Vila, em Fonte Arcada. Pensa-se que seria da segunda metade do século XVII. A família desta casa entroncou, por volta de 1720, nos donos da Casa da Cova.
A Casa da Cova teria tido origem, segundo o autor, num emprazamento das terras foreiras do mosteiro beneditino de freiras aí existente desde o século XI e depois extinto.
João Pinto de Queiroz, Senhor da Casa de Poços, casou em 1719 com Brígida Moreira de Leão, neta de Brites de Leão e sobrinha de Isabel de Leão, da Casa da Roçada, de S. Martinho de Parada de Todeia. Este casal teve um filho de nome Manuel Pinto de Queiroz.
A Casa da Cova encontrava-se em 2012 muito degradada, apenas se mantendo de pé o pórtico maneirista.
 
              Cf. LEÃO, Francisco Delfim Guimarães da Cunha – “Genealogia da Família Leão de Parada de Todeia e Sobreira”. Óbidos: Ed. de autor, 2012. P.109-113.