Ilustres Eclesiásticos Penafidelenses
            Cónego António dos Santos – natural da paróquia de S. Martinho de 
Milhundos, Penafiel. Estudou no Seminário Maior do Porto. Ordenado 
Diácono em 2/8/1936, e presbítero no Mosteiro de Singeverga, em 26 de 
Setembro de 1937. Teve missa nova em 27 de Setembro desse ano, em 
Milhundos com a presença do Cónego e Vice-Reitor António Ferreira Gomes.
Iniciou o seu diário “Itinerário de um Padre”, em Milhundos, 24/7/1936.
 Ia ser este diário, o seu “confidente, amigo e atento, silencioso e 
sempre presente, que me acompanhará na longa caminha da vida”. O 2.º 
volume saiu em 1941, o 3.º volume em 1987 e o 4.º volume em 1989. E 
ainda o livro “A Memória do Tempo”, com 1.º e 2.º volume, este em 1996.
Foi professor e perfeito no Colégio de Ermesinde. Recorda em 1937, a 
carta que lhe enviou o seu antigo Professor da Escola Primária de S. 
Martinho de Milhundos, então já médico Dr. Carlos Hugo Lopes de Obastro,
 a felicitá-lo pela sua ordenação. Tinha 23 anos. É nomeado coadjutor na
 Paróquia de N.ª S.ª da Conceição, Porto, em 21/2/1938. 
Em 25 de 
Agosto de 1938, indicado pároco de Teixeira e Teixeiró, no concelho de 
Baião. Aí, refere que, na sua primeira missa assistiram duas velhinhas. A
 residência paroquial era “na casa da família Picota, e entrava-se pela 
cozinha”. E, em Teixeiró, a residência era na casa do Senhor Montes. 
Diz: “era um reencontro com a Madre-Natureza, um regresso às origens…”, e
 lembra Teixeira de Pascoais, “Ó serra das divinas madrugadas”. Comprou o
 pequeno “garrano” do anterior pároco destas paróquias, e quase andava 
com os pés no chão, e sendo assim vendeu-o. Comprou um cavalo e arrendou
 uma casa no lugar do Hospital.
Começa a escrever a peça de teatro 
“Primavera”, para ser apresentada no Teatro Sá da Bandeira, a favor da 
construção da Igreja de N.ª S.ª da Conceição, Porto (1939).
Em 
15/12/1940, inaugura o cruzeiro paroquial de Teixeira, e tem dificuldade
 em comprar o bacalhau para o Natal. Não tinha luz elétrica, nem 
telefone, nem telefonia. Recebia de Lisboa, com atraso, o jornal 
“Novidades”. 
É convidado para uma paróquia de Vale de Cambra, não 
aceitou. Tinha-se afeiçoado a estas terras do “fim do mundo”. Vai 
escrevendo no jornal “O Penafidelense”, com o pseudónimo de António 
Galaaz, com vários poemas. 
Seis anos depois, em 1944, é nomeado 
para Sobrado de Paiva e Bairros (Castelo de Paiva). Desde as suas 
paragens por Teixeira e Teixeiró, revelara-se com inclinação e gosto, 
para a Ação Católica Portuguesa, da JOC e LOC. É, então convidado para a
 orientação destes movimentos no Porto, nos anos 50 e 60, por D. António
 Ferreira Gomes. Sobre esta atividade descreveu-a nos dois volumes do 
seu livro “A Memória do Tempo”. Bem como a sua ligação fiel a D. António
 Ferreira Gomes. 
Este é um resumido texto da vida sacerdotal do 
Cónego António dos Santos, um pouco desatento do grande público. Foi 
eleito, em 12 de Janeiro de 2008, membro nato do Conselho Pastoral, por 
D. Manuel Clemente. E, em 30 de Março de 2008, presidiu à última sua 
celebração, na Igreja de Santo António dos Congregados, na solenidade de
 N.ª S.ª das Dores. 
 
       Cf. FERREIRA, José Fernando Coelho. Ilustres
 Eclesiásticos Penafidelenses.
       Notícias de Penafiel, Penafiel, 21 de 
outubro. 2016. Edição n.º23. p.8.