A reação da cidade de Penafiel
à revolta do Conde Amarante em 23 de fevereiro de 1823 e à Vilafrancada a
27 de maio desse ano.
Após a revolução de 1820, alguns indivíduos que haviam apoiado os ideias liberais começaram a abandonar estes princípios, quando se aperceberam que a constituição os iria despojar de algumas regalias e prerrogativas.
Um dos principais sinais do renascimento absolutista deu-se em 23 de fevereiro de 1823, em Trás-os-Montes, quando o Conde de Amarante, Manuel da Silveira, proclamou a monarquia absoluta. Contudo, esta revolta não teve força para triunfar. Muitas das forças armadas guardaram fidelidade ao governo constitucional e o Conde de Amarante acabou por se retirar para Espanha.
No entanto, três meses volvidos, os desejos absolutistas tiveram eco na rebelião do infante Dom Miguel a 27 de maio, dando, assim, continuidade ao primeiro passo do Conde de Amarante. Nesse dia, o infante Dom Miguel instigado por sua mãe proclamou em Vila Franca de Xira a restauração do regime absoluto e seu pai, Dom João VI, numa viragem politica deu cobertura à posição do filho.
A posição de Dom João VI ao lado do filho levou a um afrouxamento mesmo dos liberais mais convictos que ficaram expectantes, o que deu oportunidade aos ultra-absolutistas de ganharem força.
Em Penafiel, a posição da cidade face a estes acontecimentos só se fez sentir no dia 4 de junho, pelas duas horas da tarde, quando, segundo o relato do médico António de Almeida, se ouviu romper pela localidade o "grito de Viva El Rei Absoluto". As autoridades civis, eclesiásticas e militares reuniram-se nos Paços do concelho e se "fez termo deste ato ao qual se seguiu procissão pelas ruas com o estandarte e retrato do Rei com repetidos vivas e flores das janelas que todas estavão com cobertores". Em seguida recolheu-se tudo à Misericórdia " a hum Te Deum" e sermão que pregou o professor de retórica".
No dia seguinte, a Câmara de Penafiel reuniu-se com as autoridades civis e o 2.º Visconde de Balsemão, partidário do Conde de Amarante, que havia sido expulso da cidade do Porto, antes da Vilafrancada, aquando da derrota do Conde de Amarante. Nesta reunião onde, segundo António de Almeida se encontrava muito povo, sobretudo absolutistas, que tudo haviam feito para que o golpe de Dom Miguel triunfa-se e se regressasse ao regime absolutista, designou-se que o Visconde de Balsemão deveria levar a participação do apoio da cidade e da aclamação feita no dia 4 de junho ao Infante Dom Miguel e António José Libório a mesma informação ao rei Dom João VI. No dia 12 desse mês, os mesmos partem em direção a Lisboa.
Mas o apoio a estes não era unânime, vários regeneradores tudo fizeram para manter os ideais liberais na cidade e não permitir que, sobretudo, os ultra-absolutistas tomassem os destinos da cidade sobre o seu poder.
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