segunda-feira, 11 de maio de 2020

A reação da cidade de Penafiel 
à revolta do Conde Amarante em 23 de fevereiro de 1823 e à Vilafrancada a
 27 de maio desse ano.
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      Após a revolução de 1820, alguns indivíduos que haviam apoiado os ideias liberais começaram a abandonar estes princípios, quando se aperceberam que a constituição os iria despojar de algumas regalias e prerrogativas.
Um dos principais sinais do renascimento absolutista deu-se em 23 de fevereiro de 1823, em Trás-os-Montes, quando o Conde de Amarante, Manuel da Silveira, proclamou a monarquia absoluta. Contudo, esta revolta não teve força para triunfar. Muitas das forças armadas guardaram fidelidade ao governo constitucional e o Conde de Amarante acabou por se retirar para Espanha.
No entanto, três meses volvidos, os desejos absolutistas tiveram eco na rebelião do infante Dom Miguel a 27 de maio, dando, assim, continuidade ao primeiro passo do Conde de Amarante. Nesse dia, o infante Dom Miguel instigado por sua mãe proclamou em Vila Franca de Xira a restauração do regime absoluto e seu pai, Dom João VI, numa viragem politica deu cobertura à posição do filho.
A posição de Dom João VI ao lado do filho levou a um afrouxamento mesmo dos liberais mais convictos que ficaram expectantes, o que deu oportunidade aos ultra-absolutistas de ganharem força.
Em Penafiel, a posição da cidade face a estes acontecimentos só se fez sentir no dia 4 de junho, pelas duas horas da tarde, quando, segundo o relato do médico António de Almeida, se ouviu romper pela localidade o "grito de Viva El Rei Absoluto". As autoridades civis, eclesiásticas e militares reuniram-se nos Paços do concelho e se "fez termo deste ato ao qual se seguiu procissão pelas ruas com o estandarte e retrato do Rei com repetidos vivas e flores das janelas que todas estavão com cobertores". Em seguida recolheu-se tudo à Misericórdia " a hum Te Deum" e sermão que pregou o professor de retórica".
No dia seguinte, a Câmara de Penafiel reuniu-se com as autoridades civis e o 2.º Visconde de Balsemão, partidário do Conde de Amarante, que havia sido expulso da cidade do Porto, antes da Vilafrancada, aquando da derrota do Conde de Amarante. Nesta reunião onde, segundo António de Almeida se encontrava muito povo, sobretudo absolutistas, que tudo haviam feito para que o golpe de Dom Miguel triunfa-se e se regressasse ao regime absolutista, designou-se que o Visconde de Balsemão deveria levar a participação do apoio da cidade e da aclamação feita no dia 4 de junho ao Infante Dom Miguel e António José Libório a mesma informação ao rei Dom João VI. No dia 12 desse mês, os mesmos partem em direção a Lisboa.
Mas o apoio a estes não era unânime, vários regeneradores tudo fizeram para manter os ideais liberais na cidade e não permitir que, sobretudo, os ultra-absolutistas tomassem os destinos da cidade sobre o seu poder.

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Uma visão geral do Hospital da Misericórdia de Penafiel entre o século XVII 
e a 1.ª metade do século XIX
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         Na centúria de 600 a Santa Casa da Misericórdia centrou-se na construção, ornamentação e enriquecimento do novo templo, tendo o Hospital ficado relegado para 2.º plano. Desta forma, sabemos que, nessa altura, o mobiliário e utensílios do mesmo se encontravam velhos, o número de camas não ultrapassava as seis, fizeram-se poucas obras mantendo-se, apenas, o edifício. Praticamente todas as aquisições que se fizeram para o mesmo destinavam-se, exclusivamente, à sua capela. Em 1649, os irmãos adaptaram o compromisso da misericórdia do Porto e no que respeita o hospital seguiram os preceitos adotados para o hospital Dom Lopo. Por sua vez, o compromisso da misericórdia de Penafiel, de 1653, não dedicou nenhum capítulo ao hospital. Este, apenas, foi mencionado, esporadicamente, quando elencadas as obrigações do provedor, escrivão e visitador.
No século XVIII, esta situação manteve-se. O hospital tornou-se, cada vez mais, obsoleto. Ao contrário de outras irmandades que começaram a construir novos edifícios, o hospital de Penafiel manteve o aspeto "medieval".
Por sua vez, na 1.ª metade do século XIX, as criticas sucessivas do corpo clínico, as alterações da visão do que deveria ser a "assistência na saúde", as preocupações higienistas, o aumento do número de internamentos, levaram a alterações enormes na forma de ver a assistência aos doentes internados. Assim, nos primeiros 50 anos da centúria de 800, as obras no edifício do hospital sucederam-se a ritmo acelerado. Os irmãos deitaram abaixo paredes construindo grandes salas para circulação do ar e permitindo o internamento de um maior número de pessoas. Em 1834, a misericórdia solicitou o edifício do extinto convento dos Capuchos para aí instalar o hospital e após a concessão fizeram um grande investimento em obras e enxoval.
            O hospital tornou-se o ex-libris da misericórdia em meados do século XIX.
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A Quinta de Santo Inácio de Fiães
 São Pedro de Avintes
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            Foi comprada por Jorge Maynard da Silva em 24 de julho de 1702 a Manuel de Couto e Morais por um conto de réis, por escritura na nota do tabelião Domingos Ventura. Era prazo e pagava foro ao Conde de Avintes de 2.200 réis. Nessa altura compreendia tudo o que estava murado dentro da Quinta e também o pinhal do Padrão.
Em 25 de julho de 1709 Jorge Maynard da Silva comprou, por escritura na nota do tabelião António Mendes Matos, a Maria da Conceição, viúva de Manuel Gomes e seu genro e filha, de Nicolau António Dias e Catarina da Conceição, a terra das Boucas, junto ao Rio Douro, com seu aido, água, a quinta da Pesqueira e respetivas árvores pelo preço de 50 mil réis. Esta propriedade era prazo e pagava foro ao Conde de Avintes, meio alqueire de trigo.
Jorge Maynard da Silva em 1709 murou a sua Quinta, construiu parte das casas e depois embarcou para o Brasil onde veio a falecer, já viúvo, fazendo testamento onde deixa a dita quinta a sua sobrinha Vitória Maynard.
   nformações retiradas do acervo documental da Quinta; Imagens retiradas de http://www.monumentos.gov.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx…
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Misericórdia de Penafiel 
Uma visão breve da mesma ao longo dos séculos
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          Século XVI - Fundação da mesma. Libertou-se da pressão da "Confraria Geral" de Penafiel. Solicitou confirmação régia e tentou impor-se contra a misericórdia do Porto.
Século XVII e 1.ª metade do século XVIII - Período de consolidação da mesma. Obteve confirmação régia; Viu aprovado compromisso próprio; construiu novo templo e recebeu inúmeros legados que permitiram o seu enriquecimento. Os seus objetivos centraram-se, sobretudo, na assistência às almas.
          2.ª metade do século XVIII - Período de crise económica. A Santa Casa perdeu muito capital. Ficaram milhares de missas por rezar. Sofreu um forte controlo por parte do poder régio.
Século XIX - Período de alteração das prioridades. Conseguiu a comutação de legados para assistência aos pobres hospitalizados. Mudou-se do velho hospital na rua Direita para o Convento dos Capuchos.
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A Capela de Santo Inácio
Quinta de Santo Inácio de Fiães.
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         Jorge Maynard da Silva e sua mulher Ursula Pereira da Silva efetuaram escritura de doação e obrigação em 10 de julho de 1703, da Capela de Santo Inácio na sua Quinta de Fiães, em Avintes. Nesta escritura, os mesmos declararam que pela grande devoção que tem a Santo Inácio de Loyola mandaram fazer uma capela a ele dedicada na sua Quinta de Fiães. Eram suas intenções que aí se celebrasse ofícios divinos e solicitaram autorização ao Bispo do Porto para aí se celebrar missa pública, uma vez que a igreja matriz ficava distante daquele local e tal traria benefícios grandes ao povo da região.
Para tal ornaram a mesma e dotaram a fábrica dela, de tudo o que era necessário para os atos litúrgicos, com 4 mil réis de pensão anual perpétua. Estes 4 mil réis anuais seriam retirados dos bens líquidos da dita Quinta.
Em março de 1789 obtiveram Breve Papal para que a mesma tivesse sacrário e, ainda nesse ano, conseguiram Breve de Indulgências.
As autorizações e o beneplácito régio para que a mesma tivesse sacrário só foi conseguido em 1799, comprometendo-se Pedro Van Zeller a ter sempre lâmpada acesa junto ao mesmo. Para estes efeitos Pedro Van Zeller declarou, ainda, em 1800 que teria capelão e só este teria a chave do sacrário e permitiria que o Abade de Avintes celebrasse sempre que assim o entendesse os ofícios e sacramentos na mesma.
Pelo Breve de Indulgências obtido em 1789 todos os fiéis, desde que confessados e comungados, que visitassem a Capela de Santo Inácio, desde as primeiras vésperas até ao sol posto, do dia 2 de agosto, de cada ano, obtinham as mesmas indulgências, remissões de pecados e relaxações de penitências que eram alcançadas nas Igrejas de São Francisco.
Em 29 de julho de 1800 o Provisor do Bispado do Porto deu licença para que o arcediago de Oliveira, Inácio Van Zeller benzesse a Capela e o sacrário da mesma para depois colocarem o Santíssimo Sacramento. Em 2 de agosto de 1800 o arcediago Inácio Van Zeller passou declaração em como já havia benzido a mesma. Antes dessa data já Pedro Van Zeller havia abrido na Capela porta para o povo do local e colocado nela sino para chamar a população para a missa.
              Sabia que...
             No dia 2 de fevereiro de 1816, segundo o médico António de Almeida, perto da uma hora da noite, verificou-se "hum grande tremor de terra vertical, que duraria dois minutos com grande abalo e estrondo, mas não fez prejuízo algum ...Pelas seis horas seguintes da manhã houve repetição mas leve."

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Quinta da Bela Pastora 
Freguesia de Avintes
Concelho de Vila Nova de Gaia
             Em 27 de junho de 1798, o Marquês de Lavradio emprazou a Quinta da Bela Pastora, em Avintes, com todas as suas casas térreas , aidos, terras lavradias, ramadas, pomares, oliveiras, matos e pinhais, a Joana Margarida, filha de Agostinho José Coelho de Almeida.
Para poder fazer nesta várias bem feitorias, a dita senhora contraiu um empréstimo de 400 mil réis, à razão de juros de 5% à Confraria do Senhor de Matosinhos, em 2 de julho de 1799. Empréstimo este que deveria ser liquidado no prazo máximo de 5 anos. Para o efeito hipotecou a dita propriedade e deu como fiadores, a saber: António José Soares e José Alves Fortes, ambos moradores na cidade do Porto, na rua das Flores.
Não tendo pai e filha conseguido pagar a dívida e já com vários juros em atraso, a dita confraria moveu-lhes uma ação judicial. Nesta foram chamados os fiadores para pagarem a dita dívida à confraria, mas estes solicitaram autorização para penhorarem pai e filha e com a dita Quinta da Bela Pastora poderem pagar dessa forma o montante em falta.
A penhora da Quinta da Bela Pastora foi autorizada e em 1 de junho de 1807 a mesma foi penhorada e levada à praça tendo sido arrematada por Pedro Van Zeller e sua esposa Dona Maria Isabel Van Zeller pela quantia de 700 mil réis. A Confraria do Senhor de Matosinhos foi ressarcida, as custas de tribunal foram deste modo pagas e em 6 de fevereiro de 1814, D. Maria Isabel Van Zeller, já viúva toma posse da mesma através do seu procurador o Padre José Pinto de Almeida, ficando a partir desta data esta propriedade na posse da família Van Zeller.
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