quarta-feira, 22 de janeiro de 2020

Os Recolhimentos na Idade Moderna
    Os objetivos destes recolhimentos enquadravam-se num contexto pós-tridentino e contra-reformista de repressão das atitudes femininas, afastando-as do pecado a que estavam intimamente ligadas pelo facto de descenderem de Eva, aproximando-as da figura feminina mais santa na história da humanidade para estes homens: A Virgem Maria.
Assim, a castidade feminina, o recato, o pudor, a reserva, a oração contínua, o negar os "prazeres da carne", quer na frugalidade alimentar, quer nas disciplinas continuas a que sujeitavam os corpos, quer na parcimónia no trajar, o enaltecer do silêncio, do uso dos silícios tornavam-se uma constante nestes espaços.
Dos altos dos púlpitos religiosos enalteciam as delícias dos recolhimentos e conventos que catapultavam as almas perdidas das mulheres quase diretamente para o seio de Deus.
Desta forma, se muitas jovens entravam nestes recolhimentos por imposição familiar, outras movidas por seus confessores e pelos sermões que ouviam nas igrejas e pelas hagiografias que se multiplicaram na contra-reforma, entravam nos cenóbios por sua manifesta vontade, como forma de alcançarem a vida eterna na paz de Deus.
   Cf: Fernandes, Paula Sofia Costa - "Santas ou Loucas? - As recolhidas do Recolhimento de Nossa Senhora da Conceição de Penafiel aos olhos do seu cronista." In Pereira, Ana Leonor; Pita, João Rui (coord.) - Mulheres e Loucura - I. Coimbra: Sociedade de História Interdisciplinar da Saúde / Centro de Estudos Interdisciplinares do século XX da Universidade de Coimbra - CEIS20, 2019. pp. 39-46.
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