terça-feira, 17 de maio de 2016

Sabia que... (O cirurgião)

O CIRURGIÃO
O nome grego original de cirurgia agrupava todos os trabalhos efetuados em medicina, manualmente ou utilizando instrumentos, com vista à realização de operações internas ou externas, ou seja, tudo que envolvesse o mexer no corpo humano e que lidasse com derramamento de sangue. Até ao século XII, os médicos eram, também, cirurgiões, mas após essa data, as profissões separaram-se, ficando o médico com a análise das doenças e o cirurgião com as intervenções cirúrgicas. Desta forma, desde a Idade Média até ao século XIX, os cirurgiões, porque trabalhavam com as mãos, eram considerados em termos de escalão social abaixo dos médicos.                            
A sua profissão não exigia uma aprendizagem muito morosa, o que levava a que os seus serviços fossem menos onerosos e a que os hospitais e a população recorressem a estes profissionais de saúde mais frequentemente do que aos médicos. Como referem alguns autores, o seu domínio exercia-se no curativo de feridas, fraturas e luxações. Executavam, ainda, sangrias, extraiam tumores, colocavam ventosas, abriam abcessos e operavam hérnias. As fronteiras de atividade entre físicos e cirurgiões estavam bem estabelecidas desde o século XVII, pelo regimento do físico-mor do reino. 
O médico detentor do saber teórico, leitor de compêndios, observador de enfermidades externas e sintomas, deveria evitar o contacto com o sangue e os corpos. O cirurgião e o barbeiro-sangrador recorriam ao seu trabalho manual para limpar, cortar, sarar, extrair tumores, feridas e hérnias.
           

Só a partir dos finais do século XVIII e inícios do século XIX, a profissão de cirurgião começou a ser valorizada, aproximando-se da de medicina e os barbeiros-sangradores começaram a ser colocados de lado, em prol dos cirurgiões.
Até ao final do século XVIII, a formação dos cirurgiões era, essencialmente prática, exercendo numa primeira fase, como aprendizes com profissionais mais experientes, ou tendo lições no hospital real de Todos os Santos.
Ao longo do século XIX, o advento da anestesia e da assepsia contribuíram muito para que se acentuasse a importância da cirurgia. Como referiu Lycurgo Santos Filho, a cirurgia transformou-se num dos mais importantes ramos da Medicina, passando de essencialmente mutiladora a restauradora e conservadora. A anestesia e os conceitos de assepsia tornaram a profissão mais limpa e menos violenta e violentadora, evitando os gritos dos pacientes e o uso de força para segurar o enfermo que se operava.

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